Ora viva!
Queria só expressar aqui em breves palavras a minha revolta com o que a discussão mediática revelou: uma sociedade mesquinha, ignorante (porque não sabe nem quer saber) e muito, muito medrosa.
Os cuidados muito "cívicos" e "civilizados" em assegurar que a proposta de lei assegurasse a impossibilidade de adopção, simplesmente enojaram-me. E a proposta de um referendo para discutir o casamento homossexual é francamente insultuosa, pois sabemos bem que nos referendos ganha a confusão e o medo, e não o esclarecimento.
Mas mesmo assim o medo ganhou a sua fatia. Se não, como explicar a preocupação com a adopção? Alguém conhece filhos de homossexuais que sejam um perigo para o bem estar social? Dizem-me: "mas como explicar às pobres criancinhas porque é que o seu colega de escola tem dois pais ou duas mães?". Francamente... Acham mesmo que as crianças têm essa preocupação por iniciativa própria? Acham que as crianças nascem com conceitos sociais definidos? Acham mesmo que os pais homossexuais são um "mau modelo" simplesmente por serem duas pessoas do mesmo sexo? Acham mesmo que as crianças são tão ridiculamente estúpidas que na construção da sua identidade pessoal e social irão dar exclusiva importância ao facto dos pais serem do mesmo sexo?
E a atenção, o amor, o cuidado, a ligação, a segurança, a aprendizagem conjunta (no fundo, as coisas que conformam a "boa" parentalidade e que, tanto quanto sei, não estão presentes em muitos pais heterossexuais, e nada indica que estejam especialmente ausentes nos pais homossexuais) onde é que foram discutidas?
Não foram.
Por medo, muito medinho do que não é "normal" e "natural".
Aceitamos de bom grado o aborto, assim como a institucionalização das crianças, mesmo que isso lhes custe um desenvolvimento saudável, mas "Deus nos livre" dos homossexuais poderem adoptar e formar família.
O discurso cultural (Cyrulnik) não é algo neutro. E, por isso, tomar um discurso que valoriza a diferença é, em certa medida, valorizar todos nós, porque até os gémeos homozigóticos são diferentes, somos todos diferentes. Que se respeite isso!
ResponderEliminarConcerteza que não. E também não surge na sua forma perfeita e ideal. É, felizmente, construído e transitivo. E é por ter estas características que devemos cuidar por que este "discurso" seja o mais responsável e inclusivo possível. Utilizar a cultura e a tradição para sustentarmos posições discriminatórias e simplesmente "normalizantes", ou "anormalizantes", é, parece-me, falta de honestidade intelectual.
ResponderEliminarAfinal, quem é que constrói esse discurso cultural? E quem é que decide qual o discurso cultural mais "aceitável"?
E o direito à diferença? Ou o discurso cultural deve valorizar a obrigação à diferença?
evoco toda a racionalidade para dizer que é impossível darem uma razao para injustificar a nova lei. vive e deixa viver, isto nunca vai influenciar a vida de quem isto nao lhe diz respeito, ponto. com medo ou sem medo, com as diferenças ou sem as difereças que todos temos, obviamente, subescrevo a opiniao do T e aproveito para dizer que a constituiçao da Republica Portuguesa e a declaraçao dos direitos do homem também. no dia em q n m sentir confortável com a minha sexualidade espero n recalcar e dar origem a sentimentos de ódio. bom post T
ResponderEliminarSou a totalmente a favor dos casamentos.
ResponderEliminarExcelente poste.
Acho que nem sempre temos "uma sociedade mesquinha, ignorante (porque não sabe nem quer saber) e muito, muito medrosa", mas neste caso temos. Tanto tempo desperdiçado em paneleirices.