Consigo, neste momento (de pouca lucidez, admito), distinguir na minha cabeça dois tipos de Ambição. Generalizando, pode-se dizer que a ambição consiste essencialmente no desejo de sucesso. Num qualquer tipo de empreendimento, existindo um objectivo, o desejo de o alcançar é a ambição. Sendo esse empreendimento honroso, a ambição será com certeza algo a louvar. Mas tal como definido no dicionário, esta consiste habitualmente num "desejo veemente de fortuna, de glória, de honrarias, de poder; cobiça", pelo que a sua virtude será bastante discutível. Terá, digamos, um objectivo egoísta, sendo um empreendimento de enaltecimento pessoal.
Este é o primeiro tipo de ambição. Esta não é a nossa ambição.
Não queremos mais para nós.
Não queremos poder, glória, ou fortuna, pelo seu valor intrínseco. A nossa viagem é inadvertidamente altruista. Se queremos ser melhores, não será para termos o reconhecimento alheio, mas sim porque trabalhando melhor se conseguem melhores resultados. Se somos os melhores, não será por competição com os nossos adversários, mas sim por dedicação sincera ao nosso ofício. O que nos move não é um objectivo final de sucesso, mas um desejo progressivo de tornar as coisas melhores. Não vejo em nós pessoas que querem dinheiro e poder, mas pessoas que defendem o bem-estar alheio, a coerência, a equidade, a emancipação das mentes, a liberdade de expressão, a arte, a amizade, o croissant misto, os pés na areia, e o banco do café.
As nossas vitórias não tém lucro ou reconhecimento, mas ainda assim aquecem-nos o sangue, preenchem-nos o espírito e enriquecem-nos a humanidade.
O que nos falta em sobriedade sobra-nos em clarividência. O que nos falta em experiência, sobra-nos em dedicação. O que nos falta em ambição, sobra-nos em amor.
Não queremos mais para nós. Queremos mais para vocês.
Queremos mais para Faro.