20 abril 2010

E Portugal tem potencial para ser uma nova Grécia

Pelo menos a acreditar no que se diz à boca cheia. Quando temos potencial, temos potencial para falir. Coisa bonita. Há uma certa hipocrisia na cena internacional que me deixa com um gosto acre na boca. E não tem nada ver com facto de não acreditar que isto não está difícil. Tamos um bocado à banda, o orçamento vai ter que ser apertado e deixar muita gente a pensar duas vezes no que fazer. Tudo isto e mais alguma coisinha. Porque se um gajo acha que não pode ficar pior, é só porque não tem imaginação suficiente.

Mas, e há sempre um mas...

Não deixa de ser interessante de que parte da avaliação negativa da divida nacional venha das agências de rating, que ainda permanecem como actores de relevância na cena económica internacional apesar do papel que tiveram na recessão actual. E que de repente o mercado se foque em Portugal agressivamente. De que juntamente com Portugal, mais os países IIGS (o P já foi dito) o Reino Unido enfrenta uma crise de endividamento tão real e aguda como a nossa e tanto ser precisamente a imprensa anglo-saxónica que mais aponta o dedo aqui aos jes (mais ou menos como fez com a Espanha, até a ministra das finanças espanhola ter dado um pulinho aqui para ver qual era o barulho que se estava a fazer) como disso não se ouvir nada.

E, no entanto, isto não significa uma porra. O mercado internacional focou-se em Portugal, depois do acordo formado em como ajudar a Grécia, e penaliza-o enquanto tudo quanto é personalidade económica sai da toca para dizer que estamos fodidos. O jornalismo económico cai em cima da situação actual, enquanto o primeiro ministro tenta quebrar a tensão que cresce à volta do endividamento português, para garantir alguma estabilidade e recuperar o investimento em Portugal. Talvez seja de estar aqui, talvez esteja a ler mal a situação (no fim de tudo, o que eu percebo mesmo é de biotecnologia, e mesmo isso...) mas isto não augura nada de bom.

3 comentários:

  1. mesmo estando longe, acho que apanhaste a essência da realidade da relação económica do burgo com o exterior.

    e também acrescento que irrita a contra-informação sobre a avaliação externa ao PEC.

    "este" disse que estamos no bom caminho, agora "aquele" diz que estamos a enganar-nos, o "outro" - que ainda é mais importante que os outros dois - diz que sim senhor, ou talvez, não se percebe bem...

    enfim.

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  2. Para mim resume-se a isto: estamos todos fodidos (europa), mas um bode expiatório dá sempre um jeitaço (sobretudo se não tiver grande peso político)!

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  3. Bem, o Presidente da Republica (que é para não confundir com o outro presidente) disse que Portugal não pode ser comparado com a Grécia, ou mesmo a Islândia ou a Irlanda, e que seria preciso acontecer algo de mesmo mau para o país entrar em falência.

    Posto isto, epá a situação tá estranha e dá essa sensação. Mas também escondermo-nos atrás disso não é inteligente. Os comentários que ouço acerca disto tem mais a ver com tá tudo errado e vocês estão pior do que nós, e não se aceita que algo tem de mudar, estando nós melhores ou piores que o reino unido...

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