29 outubro 2008

A fuga das galinhas, versão expulsão de cérebros

Eu até estou a pensar em voltar a Portugal quando acabar isto por aqui. Mas depois lembram-me para onde tenho que voltar e penso duas vezes.

"Cientistas em saldos

Sabia que há cientistas que ganham 745 euros? Que não têm direito a subsídio de desemprego, férias, Natal ou alimentação? Que não são aumentados há seis anos? Está naturalmente curioso de saber em que país, mas estou certo de que já adivinhou.

São os bolseiros de investigação científica! Uma designação infeliz para os jovens (e menos jovens) investigadores, pois classifica-os pelo tipo de regime contratual com que exercem funções, secundarizando a natureza da actividade (investigação). Faz tanto sentido como descrever um juiz como um "assalariado da justiça"."

O resto do artigo podem lê-lo aqui . É a continuação de uma situação que, na verdade, tinha sido prometido ser discutida e revista pelo actual gabinete. E que continua a ser ignorada. O mais triste de tudo é que a ciência made in Portugal é excelente, mesmo sendo feita a um custo pessoal, e que vê negada uma melhoria de condições que se torna cada vez mais necessária. E, no entanto, quem é que realmente precisa de cientistas motivados?

4 comentários:

  1. Sinceramente parece-me muito "choradinho". Sabemos bem o país que temos, mas antes dos "coitadinhos" dos bolseiros existem outras prioridades, além de que dificilmente quem vai para investigador bolseiro tem um nível socioeconómico baixo, e como tal opta pelo doutoramento porque tem essa possibilidade de escolha. Fazer um doutoramento é uma escolha que faz parte de um trajecto e não uma profissão para a vida.

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  2. Boas Tiago... desculpa-me mas tenho q discordar... em Portugal aparentemente o doutoramento ou mestrado parece que já não são opções de vida mas obrigações... visto que o desemprego e falta de oferta provoca uma imensidão de tempo livre. De qualquer forma, todo o licenciado que opta por uma especialização da sua área deve ser recompensado monetariamente e hierarquicamente laboralmente, o q em todo o caso, acontece exactamente o inverso na realidade portuguesa... e o factor cunha é a tua melhor valia no CV.

    abração!

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  3. Licença de maternidade, ferias e um fundo de pensão justificado pelo trabalho produzido ao longo da vida profissional (e já não falo das horas extraordinárias que um doutorando tem em cima do lombo) são direitos inalienáveis e que assistem todos os trabalhadores (alto ou baixo extracto socioeconómico). Assim esta escrito no código laboral.

    Não acho justo que o governo elogie a ciência produzida em Portugal, enquanto ignora a situação em que a maior parte da comunidade cientifica vive. Assim como não acho choramingar o exigir de direitos que nos são constantemente negados. De todo.

    Por ultimo, neste momento, o doutoramento não faz parte de um trajecto escolhido para uma evolução pessoal, mas passa unicamente pelo único de meio de progressão de carreira num contexto académico (e, em boa parte, industrial).

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  4. Bem, se nos encontrarmos pro cafezito de natal já há tema de discussão!
    Admito que a minha opinião não esteja fundamentada, e nada como a troca de ideias para aprender e ser esclarecido :)

    Falamos aqui no doutoramento como uma obrigatoriedade, mas ao fim e ao cabo, quantos licenciados acabam por fazer um doutoramento? Segundo o Ministério, em 2007 foram (+/-) 80.000 licenciados e 1500 doutorados. Dificilmente parece ser obrigatório, excepção feita à progressão em contexto académico, mas isso parece-me apenas lógico, decorrente da escolha pessoal por uma carreira académica. Quanto ao resto, concerteza que devem ter férias e licença de maternidade e tudo o mais, isso parece-me inquestionável e apoio totalmente.
    Já agora aproveito para perguntar, se tiverem conhecimento, de como é esta situação nos restantes países "desenvolvidos", nomeadamente naqueles onde se encontram, e se por aí os investigadores vivem única e exclusivamente do trabalho de investigação.

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