13 janeiro 2009

Pandora's back in the game...

Entre Israel dizer que vai continuar com mão de ferro e o Hammas insistir que a vitoria está mais próxima do que nunca, passou despercebido que na semana passada, nestes lados, nasceu o primeiro bebe que foi geneticamente seleccionado para uma característica particular (neste caso, sem um gene que pode causar o cancro da mama).
"Um diagnóstico genético pré-implantatório (DGPI) permitiu fazer uma escolha e os médicos escolheram dois entre os cinco embriões que estavam livres do BRCA 1 e implantaram estes dois embriões no útero da mãe. Um deles desenvolveu-se e ontem os meios de comunicação do Reino Unido espalharam a notícia do nascimento da menina saudável."

O resto da noticia está aqui , e diga-se de passagem, passou um bocado ao lado do grande publico. Agora é tentar perceber como é que se vai passar toda a discussão acerca da legislação e princípios éticos que envolvem o assunto.

A ver vamos...

8 comentários:

  1. À primeira vista, como cientista, acho um trabalho interessante.

    Quanto à ética...não pensei muito ainda. Mas se calhar tem não lhe fazia mal adaptar-se a novas exigências. Não sei, acho que me divido um pouco.

    Anyway, a miúda ainda só nasceu. Um projecto científico tem que ser visto como um todo.

    Just my two cents (muito rápidos)...

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  2. Ok, primeiro, a cena nao era bem um projecto cientifico. Tudo foi definido como tecnicas de reproducao medicamente assistida. O que implica uma grande passagem do laboratório para o campo do real (tipo campo do in your face...). E o problema real da coisa e que isto tudo abre um precedente, que poderá ser usado ou não (ta dependente de quem legisla).

    É certo que lutar contra o cancro da mama e muito bonito e tal, mas também é verdade que um gene não tem só uma função definida e bem conservada. Tudo esta interligado.

    Mas o que preocupa realmente é todo o cenário gattaca, que me faz uma confusão desgraçada. Apesar de achar a Uma Thurman bem apetecível...

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  3. Bem, eu parece-me que algum dia iria acontecer, até estou admirado por ter demorado tanto... Quanto ao cenário gattaca, pois é verdade, o "admirável mundo novo" já esteve mais longe, mas parece-me simplesmente a evolução "natural"... cada vez mais iremos tornar-nos imortais, sem qualquer significado místico, entenda-se.
    E pessoalmente, não creio serem estes pequenos grandes "progressos" o verdadeiro problema, ou o precedente que podem abrir... os "precedentes" surgem de perspectivas obtusas sobre a vida humana e o respeito pelo próximo... tal como está tristemente a acontecer, como referiste, na faixa de gaza...

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  4. Lembrei-me a propósito, acerca destas questões podem ler o "Next" do Michael Crichton... Como literatura não é nada de especial, é um bocado à Dan Brown, mas até tem alguma piada e levanta algumas questões interessantes, sobretudo no campo da genética...

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  5. Ah, mas o problema é precisamente a cena do precedente. Enquanto a possibilidade de...não estiver presente na cara das pessoas, comportamentos abusivos não existem de certeza. Chamem-me cínico, mas não confio nos legisladores de hoje em dia...

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  6. Segundo aquilo que percebi, o caso em especifico prende-se com a escolha de um embrião/óvulo fecundado que não possuia os genes especificos. Ou seja, não foi feita nenhuma manipulação no sentido de retirar genes, mas sim uma escolha do embrião a implantar. Tendo em conta que a familia tem historial de do gene "mutante" não me parece uma coisa muito má. Além disso, eles quando fazem a implantação escolhem sempre embriões... qual é o problema de escolher uns que não têm o gene? :/
    É claro que poderão ter susceptibilidade para uma quantidade de doenças diferentes nos outros genes... mas pelo menos os 2 cancros não vão ter, ainda por cima se forem HOMENS ;)

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  7. Sim, e verdade que não houve manipulação genética do embrião. Mas um gajo não pode achar denominar os espartanos como idiotas porque praticavam eugenia, e depois sanccionar o mesmo, só porque e feito de uma forma mais limpa e cuidada. Eu só acho que a discussão que se aproxima acerca do como legislar isto, não só e interessante como do interesse de todos....

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  8. Epá, os espartanos não sei, mas a cena dos bebés proveta também quando surgiu eram só velhos do restelo a agoirar, e não me parece que tenha vindo algum mal ao mundo daí... é aliás uma grande ajuda para os casais que sofrem de infertilidade. Por outro lado, se de facto a coisa foi como o Zé dos Bichos diz, ainda nem é o que eu esperava. Já estava a imaginar coisas à "Admirável mundo novo" e Peter F. Hamilton :)
    Bottom line, os limites da criação humana estão longe de se esgotar, iremos sempre "aperfeiçoar" um bocadinho mais... será isto que nos irá fazer menos humanos?
    (pessoalmente, acho não, faz parte, quer queiramos quer não... mas errar é humano :)

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