16 janeiro 2009

Para fomentar a discussão aqui no tasco

Poderá soar um bocadinho politicamente incorrecto, mas consigo perceber um pouco do que o Patriarca de Lisboa se referiu na entrevista, embora ache que José Policarpo falhou o alvo por tentar mante-lo em termos religiosos e assim confinado a países árabes. Quem fala de crimes de honra, tem que se lembrar também que na Índia católica há sempre a subjugação a matriarca da família, e aos valores que esta acha serem os mais acertados, e tudo o que essa subjugação acarreta, entre mais mil uma situações diferentes.

Talvez fosse mais correcto falar de uma diferença social e cultural acentuada entre a realidade a que estamos habituados e a realidade de outras sociedades, e avisar para o quão grande essa diferença consegue ser. Isto a tentar ser muito PC...

A verdade, é que há uma certa desculpabilização cultural e uma tentativa de contextualização de outras culturas, quando se fala de equilíbrio social, que simplesmente não percebo (embora a igualdade social por cá seja muitas vezes um bocado no papel, como o Shore Sócrates bem deixou provado ao achar que este era o momento politico errado para se debater a questão do casamento entre homossexuais...Será pelo facto de que este ano é ano de eleições?).

6 comentários:

  1. Bem a realidade é múltipla e construída por quem a vê, claro. A verdade fica, possivelmente, para o sermão dos padres ou para alguns agente políticos.

    E, em tom de provocação, pergunto será o PS, PC, PSD, CDS, algum partido ou pessoa mais ou menos responsável pela equidade social. Por vezes poderá ser, mais ou menos, claro, que alguns grupos tenham também, mais ou menos, preocupações sociais contudo não são em si referência de social.

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  2. Desculpem, mas quero acrescentar mais isto: Educar no respeito pela multiculturalidade e com respeito pela diferença é tarefa de todos. E, por ventura, seria mais interessante em vez de alertar para as diferenças, tomando-as como algo a evitar, poderiam alguns grupos incluindo o PC, Igreja, perdoem-me se se estou a fazer alguma injustiça, alertar para o respeito pela diferença, e pelo direito à diferença.

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  3. Muito bem falado amigo joel!
    Sobretudo a parte do respeito e direito à diferença... É realmente incrível como aqueles que advogam que todos devem ser tratados por "igual", têm dificuldades em reconhecer que todos devem ter os mesmos direitos. Mas enfim, quando a visão do mundo é a de que "devemos" ser todos iguais, as distorções surgem facilmente. Termos todos os mesmos direitos é claramente diferente de sermos todos iguais...
    De qualquer maneira, acho que o que o Policarpo diz não tem nada de mais, até porque não é propriamente uma novidade. Ora, o Policarpo só disse aquilo que todos pensam e que pelos vistos acontece. Quanto aos riscos que ele assume em fazer uma declaração destas, isso é problema dele e da igreja. A questão é que embora concorde com o Joel, de que estes grupos, inclusive a igreja, não são em si referência de social, para muitas pessoas são, e muito (infelizmente, na minha opinião, mas isso já são outros quinhentos...)

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  4. Bif Joel: Também penso que o seu pensamento está muito correcto, subscrevo por completo. Mas as diferenças culturais sustam-se em qualquer condição?
    Onde é que devemos estabelecer o limite? Se algum de nós partilhasse um apartamento com um muçulmano, ele poderia fazer o que lhe apetecesse e a seguir dizer que a religião ou cultura dele assim o dita? Quem diz um muçulmano diz um benfiquista, ou uma pessoa de outros hábitos e costumes. ;) Qual é o limite?

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  5. Caríssimos! Não tenho soluções e, mesmo que as tivesse, não as partilhava com ninguém...as soluções são sempre situadas num tempo e espaço e, por isso, são certamente falíveis, em especial quando se trata de limites a partilhar com outrem. Contudo, continuo a acreditar que os limites devem ser discutidos entre todos, sem colocar a cultura dominante a impor regras ou horários, mas sim a discutir os mesmos. Mas, deixo esta questão, (não me levem a mal mais uma vez), fará sentido criar barreiras entre os que, aos nossos olhos, nos parecem diferentes? Fará sentido, criar o prédio para os cegos, outro para os coxos, outro para os desempregados, outro para os ricos...para os doentes...Penso que não, penso, nos dias da globalização que actualmente vivemos, existe uma evidente necessidade de educar-nos e educar outros. Quando digo educar digo dar-se como exemplo de respeito pelo direito à diferença étnica, religiosa... Recusando ao desejo, perigoso, de querer impor uma cultura dominante, seja a quem for, seja onde for!

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  6. Acho que em termos de criar prédios só mesmo o prédio para os BIF como foi falado no ajuntamento de Natal... com uma bica de bejecas no espaço comum e um projector para as jogatanas de todo e qq jogo que queiram (computador ou outros....). Tenho dito!

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