E foi interessante. Mas primeiro um pedido de desculpas. É comum falar de um certo autismo por parte das gentes ditas de esquerda, principalmente quando se fala de outros movimentos socialistas. A verdade é que a maior parte do pessoal que conheço e que pertence ao PCP/BE (diga-se que não são muitos os que conheço) até admitem os erros pelos quais os regimes socialistas se pautam (porque ninguém é perfeito). Embora as vezes o processo envolva tenazes de ferro :)
Ontem foi assim. Depois de uma leitura em espanhol/inglês (que envolveu uma certa emocao, principalmente quando se falou de Allende e do Che - e porque não?) as perguntas feitas foram até bastante contundentes. Embora não se tenha falado da reforma agrária, discutiu-se o percurso politico do governo chavista, tentou-se perceber se a revolução em curso (curto sempre dizer revolução em curso) vai levar a um regime tipo partido único estalinista, e ouve tempo para as críticas acerca da nacionalização levada a cabo. Tudo bem discutido, tipo conversa de café. Curti. Pelos entretantos, deu tempo para mencionar o 25 de Abril e sugeri-lo como uma revolta socialista falhada e perceber que Chavez é criticado tanto pelo que faz (pelo pessoal que acredita no investimento privado) como pelo que não faz (pelo outro pessoal). Tudo pautado pelos imperialismos americanos, a direita ultra-conservadora e o movimento bourgeois que me fazem sorrir quando vou a estas reuniões.
A saber, a polémica envolvendo a terceira eleição do gajo é interessante se virmos os dois pontos de vista. A constituição só permitia dois mandatos seguidos, é verdade. Mas a emenda feita a constituição permite, por referendo, ao povo mudar o presidente quando achar que este está a ser incompetente (por uma razão ou por outra) sem ter que esperar 6/5 (?) anos pelas próximas eleições.
Depois há (e isto não sabia) uma economia paralela popular, que permite as colectividades produzir e distribuir a sua produção directamente, sem recorrer ao sector terciário. E outros pormenores interessantes.
O que ficou por discutir foi o clientismo aparente do regime. Mas acho que isso ficou para outros dias.
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