Que me deixa sinceramente triste quando passo por mais um ancião que, perdido entre os contentores do lixo procura. Sem se saber muito bem o que.
Não é propriamente o mais original dos sentimentos, e um gajo tinha que ser mesmo muito filho da puta para conseguir passar pela imagem imaculado, sem se sentir um puto mimado por ter a sorte de ter a vida que tem.
Desvia-se o olhar, finge-se que não se viu, na tentativa de se dar alguma dignidade a alguém que não merecia tal recompensa depois de uma vida deixada em suor na fábrica, na borda de um barco que cheira a peixe, no punho gasto e suave da foice, em mil e um outros retratos. Há quem diga que na tentativa de manter a imagem do que nos rodeia mais brilhante, livre de tais sombras. Cada um com a sua opinião. Ainda carrego em mim, nestas alturas em que a lembrança se lembra de lembrar certas coisas, a fotografia dos olhos postos no chão, na vergonha que senti por deixar/permitir/não me importar que tal ainda aconteça. Cada um escolhe a que melhor couber.
Hoje dizia-se isto. E o orgulho que sempre tive do meu país perdeu-se outra vez lá fora, ao pé de um balde do lixo.
Speachless.
ResponderEliminarSe calhar esperaste um bocadinho demasiado do nosso país...
Pobreza talvez seja um fenómeno demasiado global para que o possamos minorar sozinhos.
A forma como reagimos quando confrontados com ela...não.
"Human after all".
bem escrevido :)
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